BRODSKY: I wrote poems. That’s my work. I’m convinced … I believe that what I’ve written will be of use to people not only now, but also to future generations.
A VOICE FROM THE PUBLIC: Listen to that! What an imagination!
ANOTHER VOICE: He’s a poet. He has to think like that.
JUDGE: That is, you think that your so-called poems are of use to people?
BRODSKY: Why do you say my poems are “so-called” poems?
JUDGE: We refer to your poems as “so-called” because we have no other impression of them.
A relação da arte com a política sempre foi complicada. A complicação está toda no lado dos artistas, claro; a instrumentalização da arte é, para os políticos, muito simples e favorece os mais simples artistas.
A primeira cena do filme prefigura o destino dos animais domésticos dos regimes e das ideologias: uma actriz interpreta Madame du Barry e canta alegremente em palco, mas já conseguimos ouvir, ao pé da guilhotina, «De grâce, monsieur le bourreau, encore un petit moment!». Hendrik Höfgen inveja os aplausos e está aí o seu destino.
Hendrik é um actor e só quer ser um actor (até a maneira como diz Schauspieler é diferente); de resto, é uma pessoa maleável. Não é totalmente sem carácter, mas faltam-lhe várias características. Ele é, sobretudo, os papéis que interpreta.
A ascensão do Partido Nacional-Socialista dá-lhe a oportunidade para testar a sua maleabilidade e torna-se um símbolo do regime, "o nosso Mephisto". Gostou muito de ser Mephisto; gostou menos de ser "o nosso".
Os vários conflitos morais vão-se resolvendo em múltiplas cedências e reinterpretações expiatórias, sendo a mais significativa a reinterpretação da ambivalência de Hamlet como sinal de força. Não há ambivalência que tenha sempre o mesmo resultado.
No fim, revela-se o verdadeiro Mephisto, um que não é "o nosso".
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