23/01/19

Novum Organum - Francis Bacon

Escrevi, circa 2012:

Quando leio Espinosa fico, e parece-me forçoso que se fique, impressionado com a clareza do seu pensamento (não que a clareza por si só impressione, veja-se a clara tolice de Fourier): tudo parece incrivelmente ordenado: «(…) pois quem ignora as verdadeiras causas das coisas confunde tudo e sem qualquer relutância mental fantasia as árvores a falarem como os homens…». Claro que muito dessa sensação de organização tem que ver com a peculiar maneira de argumentar de Espinosa, o que me leva à ideia de Rorty: «(…) o instrumento capital da mudança cultural é um talento para falar de outra maneira e não para argumentar bem.».

Não me parece que eu tenha mudado muito; chamemos a esta falta de evolução coerência, que não tenho tempo para terapia. De facto, quando leio autores como Espinosa, Wittgenstein, Bacon, fico mais impressionado pela estrutura do pensamento que pelo pensamento. Sofro de excessiva veneração dos ídolos do teatro, diria Bacon.

Bacon parece preciso e razoável (tanto quanto posso julgar) e deixa a escada, que Wittgenstein tira, para entendermos o que ele quer dizer. Propõe um método e logo prevê melhorias (uma aposta ajuizada):

Yet do we not affirm that no addition can be made to them; on the contrary, considering the mind in its connection with things, and not merely relatively to its own powers, we ought to be persuaded that the art of invention can be made to grow with the inventions themselves.

Parece-me bem.

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