15/11/18

Os Meus Amigos - Emmanuel Bove

Os Meus Amigos é sobre um homem que não tem amigos. Bactôn é uma figura patética; solitário e melindroso torna-se espectador do mundo e de si mesmo. Mais de si mesmo do que do mundo, diga-se. Para o espectador paulatino todo o pormenor é significativo, porque tem tempo de lhe atribuir significados. Ele tem tempo e talvez não tenha mais nada, mas parece pensar que os outros nem tempo têm. Vive, assim, pobre, sem amor mas com tempo.

É um livro engraçado e triste. Bove é um Dostoiévski que não se preocupa com ideias gerais, graças a Deus. Há também neste livro algo de Malte Laurids Brigge sem a pourriture noble de Rilke. Vou, mais tarde ou mais cedo, ler toda a sua obra. 

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