O público sabe que o assaltante de bancos costuma ser preso e entregue às autoridades competentes, e o poeta... não.
Alberto Pimenta
Alberto Pimenta propõe tratar a arte nos seus próprios termos, descartando as papas instantâneas das lentes críticas, que servem sempre outros interesses. Parece-me muito bem.
Depois, explica, com piada e erudição, que a poesia com intenção estética não pode ser interpretada de uma maneira normal, porque reduzir o anormal ao normal implicaria destruir o anormal. Essa poesia pretende a subversão do medium (a linguagem) e tende para o silêncio, para não ser refém da linguagem convencional. É muito interessante. Também muito interessante é o facto dos excertos teóricos serem quase sempre mais interessantes do que os resultados. Certos preceitos (neste caso, a ausência de preceitos), se levados a sério, podem levar a extremos em que liberdade é total mas em que ninguém quer lá estar.
Fica-se com a sensação que todo o artista honesto caminharia para a sua própria linguagem, como Joyce com Finnegans Wake. Felizmente, há pouca gente honesta no mundo. Parece-me que tudo o que vive do espanto (moderno) é de curta duração; por outro lado, tudo o que é eterno sofre o destino das estátuas: pátina e merda de pombo. Sejamos sérios, o mundo é uma comédia.
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